Antônio de Souza Filho
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Vontade de fazer aquilo
 
Você, hein?! Abriu o texto só pra saber que vontade é essa desse maluco, foi ou não foi?! - Tá, eu te conheço leitor, tu és curioso. - Mas fica aí continua lendo, já, já vais saber. Saiba antemão: a curiosidade matou o Gato, mas a satisfação o trouxe de volta.
 
Alguns anos atrás aqui nessa cidade linda, (que Deus o livre) haviam locais que realmente eram de grandes emoções. Um desses lugares ficava em frente da Prefeitura Municipal, era uma praça aconchegante com arvores pomposas de sombras generosas, um jardim bem cuidado, assentos confortáveis e durante o dia havia um grande movimento de pessoas, de todo jeito e todo o tipo, alguns bem vestidos, outros desarrumados pessoas feias, bonitas, não tinha essa não, rico, pobre, todo mundo passava por ali. Aposentados jogando dominó, porrinha, jogo da velha, baralho e o diabo as quatro. Picoleseiro, pipoqueiro e tudo o mais. E o melhor de tudo, era bem seguro, nenhum histórico de assaltos, brigas feias... nada disso. De um lado a Assembleia Legislativa mais na frente à Câmara Municipal e entre as duas do outro lado da rua um corpo do Exército Brasileiro de Recrutamento de soldados que dava moral no ambiente. Muito bem.
 
Porém, quando a tarde caia e a noite chegava, céu e inferno vinham a baixo ou a cima, não sei. O Cão e sua comandita fazia pousada, era Kenga de toda espécie, loura, morena, ruiva, sarará, alta, baixa, gorda, magrela, belas e escrotas se misturavam, além de frescos, veados, enrustidos, disfarçados, cornos e o carvalho de asa. Mas registre-se, isso nos termos da época, hoje não podemos falar assim, senão, profissionais do sexo, gays, lésbicas, indecisos, tal e tal, sempre com muito respeito, ok! Nada de ofensa nem discriminação, tá! Olha aí, não vai me confundir. Isso dá xadrez. Pois bem, e de outra banda a turma da Santidade de todos os credos, umbanda, quimbanda, quiparta, quitiparta, budistas, pentencostais, missionários, se duvidasse até extraterrestres andava por ali. Eu, hein! E outras que não lembro agora, mas   todos querendo salvar aquelas almas penadas que por ali, salvo engano, faziam o baixo meretrício mais famoso do Norte. É, o negócio era sério.
 
Você deve tá se perguntando, e onde esse infeliz entra nessa história? ... - Calma! Não era comigo. Vou contar.
 
Robertinho, gente boa, por obrigação tinha que passar por ali, não tinha outra opção, saia do trabalho já anoitecendo e a estação era bem abaixo desse suntuoso ambiente, pro rapaz, era um tormento, sexta feira, então! Com dinheiro da semana no bolso e o euforismo de menino novo, e a mulherada lhe tentando, hei, lindão, hoje é promoção! Hei, gostosão, vamos lá! Você vai gostar! Ele passava se benzendo dos pés à cabeça, de olhar fixo na estação e os pensamentos no futuro: - não, não posso gastar dinheiro à toa, via uma planilha inteira de dívidas na sua cabeça e assim Ele chegava no ônibus de pescoço duro. Se é que você me entende.
 
Mas um dia, é um dia, como diz uma amiga minha, “tudo tem o seu viés”. Era uma sexta feira e Ele tinha ganhado um prêmio extra de melhor vendedor do mês; nossa mãe de Deus que sina, botou o terço no bolso lembrou da virgem maria e foi em frente, já chegando na praça atacou-lhe a fome e então pensou: - vou fazer um lanche com o dinheiro do prêmio. Olhou prum lado e pro outro viu uma lanchonete sem ninguém e pensou: é ali, só tinha: abacatada e sanduiche de pernil, Ele disse: - lascou-se, mas a fome falou mais alto, comeu. Dois minutos depois... bem...
 
Tomou uma decisão: - poxa há quanto tempo penso nisso, tenho que acabar com essa vontade. Atravessou a rua entrou na praça, sentou no banco o culto começou na hora da oferta Ele deu dez por cento do seu prêmio pro missionário, depois foi pra casa.
 
Gente boa você, né?! Acertou na vontade do rapaz – sim ou não?!
 
Abraços!
 
 
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 Antônio Souza
(Causos)

Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
 
Antônio Souza
Enviado por Antônio Souza em 20/04/2019
Alterado em 17/05/2019
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