Antônio de Souza Filho
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Poxa – é hora de ir

Nada é mais triste do que fazer as malas quando não se quer partir.

Já há alguns dias eu estou aqui no Sul, no outro lado do mundo - Floripa, pelo menos do meu mundo o Norte - Manaus. Vim pra ver a primavera chegar, mas principalmente pra matar a saudade que estava me destruindo.

A garota da foto é o meu amor, minha menina, minha rara flor, ela é a minha filha, a Veve – mas não é apenas a minha filha e a Veve – ela é A VEVE, A MINHA FILHA, e eu a amo mais que tudo no mundo.

Ela é o resultado de um projeto de vida é a realização de um sonho. Eu lembro-me muito bem, ainda era criança quando pensava na minha vida. Eu tinha algumas manias que ela durante algum tempo também tinha. Costumava brincar e falar sozinho. Eu ficava debaixo de um abacateiro que tinha próximo da minha casa e sofria com os lamentos de minha mãe chorando por não saber como fazer pra dar comida pra gente, era um tempo difícil.

Algumas pessoas passavam por mim e diziam: esse menino parece que é doido, fala sozinho, rsrsr. Então eu pensava, vou estudar bastante e quando crescer eu vou ter a minha própria família, vou fazer de tudo para que meus filhos não passem o que estou passando. Quero três filhos e que pelo menos um seja uma menina, bem gordinha, eu vou abraçá-la, vou apertá-la tanto, brincar com ela a ponto de espocá-la. E foi assim.

Um dia chegou a Veve, toda gordinha, toda espertinha, era um dia lindo de sol de verão, eu voava no trabalho, louco pra chegar em casa e brincar com ela na rede – eu a segurava e dizia pra ela: - vou te espocar, ela dizia: ipoca e riamos tanto. Depois ela se cansava e eu a fazia dormir, ela colocava o dedinho polegar na boca e com a outra mão segurava o meu dedo e torcia, torcia a ponto de quase quebrar e assim ela dormia. Era tão lindo!

Hoje ela ta grandona, se formou também é advogada e há poucos meses veio pra cá fazer um mestrado, mas resolveu ficar por aqui e eu fiquei lá morrendo de saudades, então não resisti e vim e agora estou aqui, - poxa como estou feliz.

Aqui tudo é lindo, tem flores por todos os lugares que a gente passa e o mar fica logo ali, bem pertinho de casa, o clima é maravilhoso, o vento parece fazer cócegas nas árvores e elas se alvoroçam a ponto de mostrar as suas partes mais íntimas, e a gente anda sem medo nas ruas. Parece que aqui tudo funciona bem, os ônibus estão sempre no horário certo, são confortáveis e todos viajam sentados. As lojas, o mercado, as pessoas são tão bacanas, nunca desviam o olhar da gente e sempre nos cumprimentam, que bom, isso é maravilhoso. Estou encantado com Floripa esse nome carinhoso que deram para essa cidade linda.

Ela me perguntou se eu queria vim morar aqui, eu pensei, mas disse não. Lá estão às marcas do meu tempo, estão os amigos que me viram crescer, em alguns lugares estão às manchas de algumas lágrimas e o encanto de algumas vitórias, tem pessoas que eu amo e quero que estejam comigo sempre até eu morrer, não tenho muito mais tempo para formar uma nova história noutro lugar.

Aqui vai ser assim, um lugar encantado que agora virei toda folga que eu tiver, mas só por alguns dias.

Minha cidade ainda é sofrida tem coisas tristes que acontecem todos os dias, mas vamos modificar isso tudo, se Deus quiser, e quem sabe ficará tão bacana como tantas outras cidades lindas do mundo, inclusive Floripa.
Antônio Souza
Enviado por Antônio Souza em 07/09/2018
Alterado em 07/09/2018
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