Antônio de Souza Filho
Meus Escritos
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O Pássaro encantado.
(Contos / Surreal)
 
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Na floresta acontecem coisas, muitas coisas.
 
- Hei, você aí em baixo... tô te vendo daqui, por que me olhas tanto?! Deves estar me achando bonito, né?! Sei que sim..., mas se quer saber, bonito mesmo é o que eu posso ver daqui, e você daí, não faz a mínima ideia. – Foi exatamente isso que aquele Senhor já beirando os sessenta anos conseguiu captar daquele pássaro majestoso no alto d’uma árvore. Ele estava num local paradisíaco, onde costumava ficar sentado num confortável banquinho, bem nos fundos de sua casa na floresta, seu sítio que tanto bem lhe faz. – Pensando assim, novamente olhou p’ro alto e outra vez teve a sensação que aquela linda ave estava interagindo com ele. – Não posso ficar muito tempo aqui, senão o Gavião me pega, por isso se quiser tirar foto, faça logo, disse o pássaro. O folgado senhor pegou o celular apontou e tirou uma bela foto, sim, essa que você está vendo aí em cima.
 
Mas não foi só isso. Crente que podia conversar com o pássaro falou: - Por que não me conta o que está vendo de tão belo, daqui só consigo ver você e o céu e já me contento com tanta beleza. Então o pássaro respondeu: - Você não vai acreditar, mas como lhe falei, não posso ficar muito tempo aqui; mas espere vou dar um jeito, continue me olhando e não tire sua atenção de mim. – Nesse instante o amável senhor percebeu a chegada de alguém que se sentou ao seu lado, mas por respeito ao combinado não mudou o seu olhar da árvore e do céu, apenas sentiu um suave perfume e deduziu que era de uma mulher, continuou vendo o pássaro, somente falou para pessoa, já ao seu lado: - fique à vontade, poderei ouvi-la, mas não posso mudar o meu olhar do céu, não, nesse momento. Era uma linda mulher que se sentou ao seu lado e sorriu dele dizendo: - compreendo, também já fiz dessas loucuras, mas se pudermos conversar, eu não me importo para onde estejas olhando.
 
Então o Senhor falou: - eu estou conversando com aquele pássaro ali, lá em cima, consegue ver?! Ela disse: - sim, me parece muito bonito... e o que ele está dizendo p’ra você, pode me falar?! Ele sorriu com ar de felicidade, - sim, com prazer... Ele está me dizendo que avista uma cachoeira linda que derrama suas aguas cristalinas, formando um lindo riacho, que dali onde está, consegue ver os diversos peixes em diversas cores e tamanhos, eles fazem no fundo do rio um balé de imensa beleza, são peixes ornamentais que só existem aqui nessa região. A moça disse: - Hum... que legal e que mais que ele tem p’ra dizer só isso?! O homem falou: - espere, ele me parece estar em dúvidas se vai me contar outra coisa. Então a moça disse: - pergunte isso a ele, deixe-o à vontade p’ra contar o que quiser. Novamente o Homem se dirigiu ao pássaro: - sinto que você quer me contar alguma coisa, tô enganado?! Nesse instante a voz do pássaro já lhe parecia mais próxima, ele disse: - Estou com dúvidas se posso confiar em você e se vais acreditar em mim e no que quero dizer. – Pode falar, já me sinto seu amigo, disse o homem para o pássaro.
 
Pois bem, eu sempre venho aqui para ver e rever tudo o que vivi nesse lugar, há muitos tempos atrás. Eu fui muito feliz aqui, nós diferente de vocês conseguimos enxergar tudo como se o tempo ainda existisse, mas tudo acaba quando nós morremos, então na forma como estamos agora, podemos ver tudo que fizemos durante aquela vida. O Homem ficou espantado e pensou em voz alta: - nossa! Então, esse pássaro já foi gente. E o pássaro respondeu: - isso mesmo. Tudo isso aqui era uma linda fazenda. A história é longa. Então o Homem falou: - conte-me pelo menos como morreu, já que eras tão feliz. Outra vez o pássaro falou: - vou fazer você entender, mas digo logo, morri por causa de um amor, um grande amor, meu único amor. Nesse instante o Homem pareceu entrar em transe e começou a ver um local maravilhoso e se via as voltas com uma linda garota, eles corriam por entre as árvores d’um lindo jardim, rodeado por flores e muitos animais domésticos, gatos, cachorros e uma imensidão de passarinhos. Eles se beijavam, rolavam por entre os arvoredos e se amavam na grama, sob a luz de um pôr do sol maravilhoso e isso acontecia todas as tardes, porém na hora do “ângelus” as seis da tarde a moça, partia e ele ficava sozinho. A vida era como ele via naquele momento, durante o dia trabalhava na fazenda e a tarde ia se encontrar com sua amada. – O homem via tudo como estivesse vivendo aquela vida, sentia-se muito feliz. Porém, numa certa tarde ouviu da moça: - precisamos ter mais cuidado, alguém já está sabendo de nosso romance. E foi naquela mesma tarde que foram surpreendidos, enquanto se amavam na relva do jardim, dois homens armados o aprisionaram e levaram a moça. Ela era casada. Dele, ela nunca mais teve notícia. Ele morreu enclausurado numa caverna no alto da montanha.
 
Nesse instante, ainda olhando p’ro céu e para a árvore viu o pássaro ser assustado pelo Gavião, por um instante desviou o olhar para ver a mulher que estava com ele no banco, mas não viu mais ninguém. Igual ao pássaro ela sumiu, deixando-lhe com o corpo todo arrepiado. O já assustado homem, levantou-se e foi p’ra dentro de casa, momento que sua esposa lhe perguntou: - Quem era a mulher que passou lá p’ra traz onde você estava, passou tão rápido tipo um pássaro. Novamente Ele se assustou e retrucou: - que mulher?! Não vi mulher alguma por aqui. – Então lembrou-se da tal mulher de branco que muitos dizem aparecer por ali, nessa mesma época do ano. Quanto ao pássaro que viu na árvore, ficou pensando.... Será que era eu em vidas passadas? E a mulher que estava comigo no banco, será a mesma da história?! Eu, hein. Foi jantar, depois foi dormir com a mulher dele e bem abraçadinho.
 
 
 
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Antônio Souza
(Contos/Surreal)
 
Música:
 
A natureza – Zé Ramalho
 

https://youtu.be/dR4SW3jXUxE
 
 

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Antônio Souza
Enviado por Antônio Souza em 30/07/2021
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