Antônio de Souza Filho
Meus Escritos
Textos

Nunca foi por mim (Altivez)
(Pensamentos)
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Pode parecer pessimismo, coisa de momento, de quem está pra baixo, mas não é. Não, não é. As nítidas lembranças mostram que os fatos eram verdadeiros, não fosse assim, estariam noutro campo... dos esquecidos, talvez. ­­- Tudo que todos queriam era tirar de mim  alguma coisa. Qualquer que fosse. Se apossar sem o menor pudor, como se tudo que me pertencesse fosse de domínio público. Ah... como isso me doía e até hoje dói, ainda que só nos pensamentos.


Quando criança... , eu era o xodó da minha mãe, ela passava horas brincando comigo; fazia amavelmente brincadeiras, me chamava de cabeçudo, enquanto passava a mão nos meus cabelos; Ela dizia assim: "eita cabeçona bonita, cabelo de espeta cajú" e ria e dizia mais: "isso tudo é inteligência é sim". Agente ria, eu ficava vermelho erguia minha cabeça, olhava nos seus olhos ela procurava me beijar, então eu colocava minha cara na barra do vestido dela;  "ainda sinto o cheiro da roupa surrada pelo dia", mas eu gostava. Acredite leitor, amigo meu, até nesse momento, com a Minha mãe, os outros colegas vinham e me tiravam do colo dela, para que ela fizesse a mesma brincadeira com eles. Ufa, que ódio. - Mas tudo isso eu amenizava, engolia calado e muitas vezes até com sorrisos, que me esforçava para não serem falsos.


 O tempo foi passando e essa parecia ser a minha sina; a sensação de ser um banana pro resto da vida tava querendo tomar corpo em mim; até que um dia no campinho de futebol perto de minha casa, algo de inusitado me aconteceu. Sim, eu já  estava cansado de ficar na regra, esperando os outros se cansarem, pra mim entrar no jogo; mesmo eu sabendo que jogava melhor que muitos deles. E o nosso time só perdia. ­­ - Então eu me levantei e fui até o colega mais velho que dirigia o time, e disse pra ele: - Eu vou começar jogando. 


Ele olhou pra mim e respondeu: - Vai não, você é da reserva e Eu voltei a dizer: - vou sim; então, para que eu não ficasse ofendido, "imagino", ele disse sarcasticamente: - você é a arma secreta do time; mas não me convenceu. Então eu  fui mais incisivo: -  Vou sim, vamos pode me escalar, e agora. Ele voltou a responder já com autoridade: - Não, não vai não. Quem manda no time sou Eu. Aí eu disse pra Ele: Ah... é assim; e continuei: - sabe quantas bolas tem aqui pra se jogar?!, sabe ou não sabe?!, pois é, só tem uma e Ela é minha. Sabe quem toma conta desse terreno?!, sabe ou não sabe?!, pois é. Ele ficou calado,  a bola realmente era minha, mas o terreno nem eu sabia de quem era. ‑ Ele arregou como se diz no dito popular. - Tá bom, mas você vai ser o goleiro, e eu disse: - NEGATIVO eu sou centro avante, você sabe disso. - Fiz uma partida brilhante, marquei dois gols, nosso time venceu. Nunca mais fui pra reserva. Dei àquilo o nome de política.


No curso da minha vida tem sido assim, vez ou outra tem pessoas querendo me passar a perna, me enganando, me iludindo e tentando fazer o que sempre fizeram. É quando eu me lembro desse fatídico episódio. Sim, pois foi daquele dia em diante que passei a ter mais respeito por mim mesmo, e não mais permito que pessoas façam comigo o que bem entendem, nem me tomem aquilo que verdadeiramente tenho por direito. Será que  isso é o que chamam de Altivez? Talvez. - No campo afetivo dos amores é outra história e me parece que dão àquilo outro nome. Mas eu to pouco me lixando, quem quiser é assim, quem não quiser é assim mesmo..
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Antônio Souza
(Escritor/Poeta)

 

www.antoniosouzaescritor.com
 

Antônio Souza
Enviado por Antônio Souza em 05/08/2022
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