Antônio de Souza Filho
Meus Escritos
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Bonito... muito bonito e lindo.

(Crônicas)

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Existem coisas assim... bonitas, muito bonitas e lindas, muito lindas; são as coisas da natureza.  – No lugar onde estou escrevendo isso e o que estou apreciando é aquilo que chamamos de lindo... muito lindo. Essa visão é indescritível. É o alvorecer, a chegada do Sol, o começo do dia ... que coisa maravilhosa! - Estou num barco no meio da selva amazônica, num trecho entre o Município de Maués e Manaus a Capital do Estado do Amazonas. Quem já andou por aqui sabe do que estou falando.

 

O verde da mata contrasta com o brilho do sol nas águas negras do rio e pela margem, de um lado e de outro, muitas aves saindo de seus abrigos noturnos e já tomando rumo ao seu destino, algumas em bando atravessam o rio num voo espetacular; dividindo o Sol, que mais parece uma enorme bola de fogo. Gados, cavalos, carneiros e porcos se espalham, nas fazendas de beleza, realmente incrível. Eles, também já estão no seu labor diário, as vacas e os bois aplainam a grama enquanto se alimentam, com eles estão centenas de garças branquinhas num convívio pacífico e harmonioso, tudo isso, juntamente com as casinhas de varandas de diversas cores, formam àquilo que chamei de indescritível. Como é formosa a nossa selva.

 

Bem, era mais ou menos disso que eu queria falar. Porém, nesse ponto acima, naquele instante; eu senti uma fisgada na minha barriga, então eu pensei: - pode ser que seja gases um ventinho “daqueles”, apenas. - Mas a dúvida é que mata a gente, é ou não é?! ... e eu pensei: - vai que eu libero esse sujeito e no lugar dele vem outra coisa, e aí como é que vai ser... já tinha um monte de gente por perto, então decidi, vou ao banheiro. E fui. E não deu outra coisa, senão aquilo que você está imaginando... sim, um senhorzão que me fazia erguer e abaixar o pescoço, no mesmo instante que me sentia um vitorioso pela sensatez da minha decisão de ir ao banheiro. Claro, por que se eu obedecesse ao desafio da hora estaria todo cagado.

 

Tudo posto, pensei: - vou aproveitar pra tomar um banho, já tô aqui mesmo, mas lembrei-me do computador que deixei aos cuidados de um desconhecido, por imaginar que seria tudo muito rápido. Então fiz aquilo que todo mundo faz nessa hora solene. Limpei a bunda, levantei as calças, lavei as mãos e me dirigi ao “senhorzão”: “has te la vista baby”! ...  e puxei a descarga. Mas foi aí meu prezado e dileto leitor que começou pra mim um dos maiores tormentos da minha vida, o Senhorzão não quis descer não... dava um mergulho e voltava, eu puxava a descarga de novo e ele parecia rir da minha cara... dei-lhe uma ... dei-lhe duas... três ... quatro e nada do infeliz submergir.

 

Aí eu fiquei zangado...rsrsr - arregacei as mangas e falei: - agora tu vai te lascar... o que eu mais tenho aqui é tempo e o Rio tá cheio d’agua é o Amazonas tá sabendo não?! - pois é, - olhei pros lados e não via nada que pudesse me ajudar a socar o bicho... e lá do lado de fora do banheiro, já tinha ouvido uma voz... “Senhor... o senhor está bem?! Eu não sabia o que dizer, permaneci calado. Olhei  novamente pra ele, agora por cima do ombro... e parecia que não tava nem aí... só rebolando igual a Anita. Aí eu disse pra ele: - Olha, é melhor tu tomar teu rumo, por que toda vez que tu botar a cara pra fora eu vou dar descarga de novo e nós vamos ficar nessa até o rio secar...  

 

Ai... meu Deus. Acredite caríssimos, foi lá pela trigésima vez de descarga que o leproso começou a mostrar sinais de fraqueza... bandou ao meio, igual ao Titanic, e eu pensei me espocando de rir: - será que ele vai se multiplicar e querer voltar ao local de origem... aquilo me deu medo. Mas não, ele foi se diluindo, diluindo... e tristemente, tocou em retirada e eu dei aquele “ufa” que todo vencedor dá em situações semelhantes... “que deus o livre”. – Então, ajeitei as mangas da camisa e mesmo suado, abri a porta e lá estava aquela fila imensa. Antes que alguém dissesse alguma coisa eu botei minha cara de “candidato em eleições” e abri um sorriso. Mas uma voz veio lá detrás: “bonito, né?!” e eu falei: - muito bonito... lindo. E no meu pensamento falei mais: -  “É a mãe, seus baitolas”.

 

Desculpa aí, tá. Quem nunca, né?!

 

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Antônio Souza

 

 

 

 

Antônio Souza
Enviado por Antônio Souza em 04/09/2022
Alterado em 05/09/2022
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