Liberdade, consciência e ódio
(Crônicas)
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A cada dia que passa o nosso País parece ficar mais distante daquele que sonhamos. Mesmo com tanta liberdade já alcançada a custo de elevados sacrifícios. Estamos regredindo e dando oportunidade para os plantonistas da desordem se auto afirmarem. Sim, por que em nome da ordem são capazes de desorganizar tudo, pra começar de novo, sabe Deus como. Tudo porque nós, não estamos tendo a capacidade de conviver conscientemente com as adversidades que a própria vida nos apronta.
Há poucos dias saímos de uma eleição que nos deu a oportunidade de escolhermos os nossos representantes no cenário Federal e Estadual (Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Deputados Estaduais), tudo isso dentro de uma ordem democrática perfeitamente estabelecida na Constituição Federal que todos juramos respeitar. Muito bem, uma vez apurado o escrutínio, sabe-se o vencedor e dentro da mesma regra é alçado ao poder. Pronto, qual é a dificuldade de entender isso¿! Democracia é isso.
Desconforto, insatisfação, faz parte. É a refeição do perdedor, mas deve ir saborear em casa, chorar em casa. Só e somente só. Não cabe aceitar uma regra e depois negá-la. É preciso ter consciência disso. O tempo de mover alguma coisa a seu favor já passou. Venceu aquele que trabalhou melhor o seu eleitorado. Seja ele quem for. Quer bater em alguém, bata em si próprio, pergunte-se: por que não me empenhei em conquistar mais um eleitor, já que eu sabia que o adversário era muito forte. Por que eu não procurei convencer que a proposta do meu candidato para nosso povo era melhor que a do outro. Se era picanha que os desvalidos queriam, por que não ofereceu, também? É ridículo isso, sim, é., mas fazer o que?! ... você teria que ter encontrado o meio de convencimento. E não tecer ódio contra os seus irmãos, seja do Norte, Nordeste, onde estejam.
O pior de tudo isso é que a coisa descambou, ou já vinha descambando pra outro lado, talvez aquele que temos de melhor... nosso humor, nosso amor pelas nossas coisas, nossos artistas, nossos atletas, nossa alegria. Meu Deus, a última com Neymar um dos melhores jogadores do mundo, caríssimo! É de uma tristeza profunda, chega às raias da crueldade. Desejar que o rapaz se desgrace. Poxa, que é que é isso? Nós não somos assim. Podemos sim, criticar qualquer coisa, mas com educação, com o bom uso do vernáculo, com respeito a vida e a história de cada um. Se o cara se tornou rico no futebol, se namora ou não a garota mais linda do Brasil... pô o que é que isso significa, ante o talento invejável que ele tem de fazer coisas lindas dentro de campo, nosso melhor teatro! Será inveja, ódio ou vingança? Eu hein. Triste isso, muito triste.
Ainda no quesito “Liberdade\Consciência”, saindo da politicagem; a Copa do Mundo está sendo um prato cheio pra podermos tirar diversos ensinamentos. Na classificação de Portugal às quartas de final do torneio, o Técnico lusitano fez algo que poucos teriam coragem de fazer: - deixar no banco de reservas o maior jogador de futebol do mundo nascido em terras portuguesas com um endeusamento superestimável entre os seus e aventurar-se com um garoto de vinte e um anos, ainda não bem firmado no cenário futebolístico mundial.
Todavia, o fez, não na marra, mas conversando com Ronaldo o CR7. E pasmem, o superatleta simplesmente concordou, alegando inclusive que o que está se disputando é bem maior que uma vaidade pessoal, o importante é o conjunto, a equipe o seu País. E humildemente aceitou ficar no banco e entrar no jogo na hora que fosse chamado. Isso é maravilhoso, muito mais que grandioso. Esporte é isso. É passar coisas saudáveis e dignas as gerações futuras. Ainda que pessoalmente a insatisfação seja notória; o que vale de verdade em momentos assim são atitudes e Ronaldo o CR7 foi mais belo do que sempre foi. Ficar na reserva num momento assim não risca nem sequer belisca a sua gloriosa carreira de eleito por cinco vezes o melhor jogador do mundo. Sou fã desse atleta há muitos anos e sei que merecidamente Ele é depois de Pelé o melhor do mundo em todos os tempos. Isso sim é Liberdade e Consciência, sem ódio.
É isso.
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Antônio Souza
(Escritor – Poeta)
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